Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.

12 fevereiro 2014

Carta de Dom Nelson Francelino Ferreira à Arquidiocese do Rio




CARTA DE GRATIDÃO
À Arquidiocese do Rio de Janeiro


“...Uma pessoa que não é humilde , não pode sentir com a Igreja, sentirá aquilo que lhe agrada...há três pilares de pertença a Igreja, de sentir-se Igreja: a humildade,  a fidelidade e a oração pela Igreja... Amar Cristo sem a Igreja é uma dicotomia absurda....” (Papa Francisco).

No último dia 12 de Fevereiro, S. Exª Revª Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, transmitiu-me a notícia de que o Santo Padre, o Papa Francisco me nomeara bispo da Diocese de Valença, RJ; transferindo-me, portanto, da missão de Bispo Auxiliar desta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Surpreso e Perplexo, respondi-lhe positivamente ao pedido; Conseqüentemente, no período de dois meses, devo encerrar os trabalhos que exercia na Arquidiocese do Rio de Janeiro e tomar posse canônica na referida Diocese.

É nesse contexto que, com o coração apertado, dirijo-me à todos dessa Arquidiocese para compartilhar sentimentos que perpassam minha mente e meu coração nesse momento. Assumo essa nova missão, antes de tudo, na oração, com espírito missionário, na entrega à vontade de Deus, na alegria de poder servir Jesus Cristo e sua a sua esposa, servindo aquela diocese para o qual fui designado. Não é fácil deixar a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde fui despertado para a vocação sacerdotal por intermédio do então padre Lessa, hoje Arcebispo de Aracajú e pelas irmãs da comunidade de Padre de Foucauld, ordenado Diácono há vinte e cinco anos; Presbítero há quase vinte e quatro anos e Epíscopo há três anos, sem contar o tempo de formação no Seminário Arquidiocesano de São José.

A saudade já me invade a alma, pois, nesses anos, os laços de carinho, afeto e amizade foram-se estreitando e se solidificando no presbitério, bem como entre os fiéis leigos. Ficam para sempre gravados no coração o calor humano, a acolhida, a amabilidade e a santidade desse povo carioca, valores que provêm da fé e da cultura. Gratidão é muito pouco para dizer o que sinto nesse momento.
Agradeço a Deus por sua bondade em ter-me trazido, ainda criança do interior da Paraíba e ter-me plantado aqui nessa cidade onde me enraizei, vivi, convivi, aprendi e trabalhei nesses intensos anos, tornando-me um carioca por adoção.

Agradeço a Dom Romer, bispo emérito dessa Arquidiocese, que me acolheu no GVA ( Grupo de Vocação Adulta) e no seminário em 1983, ordenando-me diácono em 21/5/89 na comunidade da Rocinha; agradeço  ao inesquecível Dom Eugênio de Araújo Sales, de saudosa memória, que me ordenou presbítero aos 4 de Agosto de 1990.

 Agradeço , ainda , a Dom Orani –  grande irmão e  amigo,  exemplo de Pastor, por ter estreitado comigo laços de profunda amizade, afeto e ternura e  que ordenou-me Epíscopo no dia 05/2/2011.
Agradeço aos irmãos bispos auxiliares e eméritos pela bela fraternidade que criamos nesses três anos de convívio; agradeço aos Vigários Episcopais pela estreita colaboração junto ao meu ministério de moderador da Cúria. Agradeço á Comunidade missionária Padre de Foucauld que acompanhou-me e sustentou-me com suas orações ao longo desses anos.

Agradeço de modo muito afetuoso aos sacerdotes, primeiros e indispensáveis colaboradores no serviço episcopal. Pude estar com eles no seu dia a dia, pude atestar sua dedicação e zelo no pastoreio da porção do povo de Deus a eles confiados. Agradeço aos diáconos transitórios e permanentes, suas esposas e familiares pelo generoso serviço que prestam à Igreja. Aos seminaristas com quem caminhei de perto nesses longos anos, ora como professor do seminário, ora como diretor espiritual externo. Agradeço os agentes das diversas Pastorais, movimentos, associações, novas comunidades . que coisa maravilhosa!

Agradeço aos que trabalham nos meios católicos de comunicação, pelo diálogo respeitoso e construtivo que tivemos, pelo espaço concedido, pelo auxílio prestado ao divulgar assuntos da vida da Igreja.

Levo da Arquidiocese do Rio de Janeiro a imagem de uma Igreja vibrante e atuante, que se esforça para ser uma presença construtiva em nossa sociedade. Espero ter ajudado nossa Igreja a colocar em prática seus objetivos, emanados, sobretudo, nos últimos dois Planos de Pastoral de Conjunto. Peço perdão pelas minhas falhas, especialmente aos que porventura ofendi, aos que não consegui ajudar; peço perdão aos colaboradores que estiveram mais próximos, dos quais sempre se cobra mais e a quem mais se reclama. Tenho consciência do esforço que fiz e das falhas havidas. Agradeço imensamente as paróquias por onde passei como padre – a cada paroquiano levarei no coração.

Gostaria de retomar o pensamento de Santo Agostinho, sempre lembrado, quando se trata da comunitária figura do bispo: “atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou Bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto uma graça. O Primeiro é um perigo; o segundo, salvação”. O Encargo (ser Bispo) é exercido sob a linguagem de serviço.

Dentro de pouco tempo encerro o  meu ministério nessa Arquidiocese; porém, os laços de amizade, afeto e amor que se criaram, esses não se encerram. Levo a certeza de ter sido muito amado pelo clero e pelo povo dessa Igreja Particular do Rio de Janeiro que faz parte da minha história de vida; espero poder, sempre que possível, aqui voltar para rever os amigos, acalentar a amizade, celebrar a fé, sentir a presença de Deus, viver a comunhão fraterna. A essência da Igreja é a de que, em Cristo, somos todos irmãos.

Rogo, pela intercessão do nosso glorioso Mártir São Sebastião, padroeiro dessa linda Arquidiocese, que o Senhor nosso Deus abençoe essa nova missão, bem como  a todos os pastores que aqui ficam....
Parto, contando com a oração e espero contar com a presença de todos na missa de posse na Catedral Nossa Senhora da Glória, na Diocese de Valença, que será no dia 05 de abril de 2014 às 16 horas. 

Um fraterno e afetuoso abraço!

Rio de Janeiro 12 de Fevereiro de 2014.
Dom Nelson Francelino Ferreira

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