CARTA DE GRATIDÃO
À Arquidiocese do Rio de Janeiro
“...Uma pessoa que não é
humilde , não pode sentir com a Igreja, sentirá aquilo que lhe
agrada...há três pilares de pertença a Igreja, de sentir-se Igreja: a
humildade, a fidelidade e a oração pela Igreja... Amar Cristo sem a
Igreja é uma dicotomia absurda....” (Papa Francisco).
No último dia 12 de Fevereiro, S.
Exª Revª Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil,
transmitiu-me a notícia de que o Santo Padre, o Papa Francisco me
nomeara bispo da Diocese de Valença, RJ; transferindo-me, portanto, da
missão de Bispo Auxiliar desta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de
Janeiro. Surpreso e Perplexo, respondi-lhe positivamente ao pedido;
Conseqüentemente, no período de dois meses, devo encerrar os trabalhos
que exercia na Arquidiocese do Rio de Janeiro e tomar posse canônica na
referida Diocese.
É nesse contexto que, com o coração
apertado, dirijo-me à todos dessa Arquidiocese para compartilhar
sentimentos que perpassam minha mente e meu coração nesse momento.
Assumo essa nova missão, antes de tudo, na oração, com espírito
missionário, na entrega à vontade de Deus, na alegria de poder servir
Jesus Cristo e sua a sua esposa, servindo aquela diocese para o qual fui
designado. Não é fácil deixar a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde
fui despertado para a vocação sacerdotal por intermédio do então padre
Lessa, hoje Arcebispo de Aracajú e pelas irmãs da comunidade de Padre de
Foucauld, ordenado Diácono há vinte e cinco anos; Presbítero há quase
vinte e quatro anos e Epíscopo há três anos, sem contar o tempo de
formação no Seminário Arquidiocesano de São José.
A saudade já me invade a alma, pois,
nesses anos, os laços de carinho, afeto e amizade foram-se estreitando e
se solidificando no presbitério, bem como entre os fiéis leigos. Ficam
para sempre gravados no coração o calor humano, a acolhida, a
amabilidade e a santidade desse povo carioca, valores que provêm da fé e
da cultura. Gratidão é muito pouco para dizer o que sinto nesse
momento.
Agradeço a Deus por sua bondade em
ter-me trazido, ainda criança do interior da Paraíba e ter-me plantado
aqui nessa cidade onde me enraizei, vivi, convivi, aprendi e trabalhei
nesses intensos anos, tornando-me um carioca por adoção.
Agradeço a Dom Romer, bispo emérito
dessa Arquidiocese, que me acolheu no GVA ( Grupo de Vocação Adulta) e
no seminário em 1983, ordenando-me diácono em 21/5/89 na comunidade da
Rocinha; agradeço ao inesquecível Dom Eugênio de Araújo Sales, de
saudosa memória, que me ordenou presbítero aos 4 de Agosto de 1990.
Agradeço , ainda , a Dom Orani –
grande irmão e amigo, exemplo de Pastor, por ter estreitado comigo
laços de profunda amizade, afeto e ternura e que ordenou-me Epíscopo no
dia 05/2/2011.
Agradeço aos irmãos bispos auxiliares e
eméritos pela bela fraternidade que criamos nesses três anos de
convívio; agradeço aos Vigários Episcopais pela estreita colaboração
junto ao meu ministério de moderador da Cúria. Agradeço á Comunidade
missionária Padre de Foucauld que acompanhou-me e sustentou-me com suas
orações ao longo desses anos.
Agradeço de modo muito afetuoso aos
sacerdotes, primeiros e indispensáveis colaboradores no serviço
episcopal. Pude estar com eles no seu dia a dia, pude atestar sua
dedicação e zelo no pastoreio da porção do povo de Deus a eles
confiados. Agradeço aos diáconos transitórios e permanentes, suas
esposas e familiares pelo generoso serviço que prestam à Igreja. Aos
seminaristas com quem caminhei de perto nesses longos anos, ora como
professor do seminário, ora como diretor espiritual externo. Agradeço os
agentes das diversas Pastorais, movimentos, associações, novas
comunidades . que coisa maravilhosa!
Agradeço aos que trabalham nos meios
católicos de comunicação, pelo diálogo respeitoso e construtivo que
tivemos, pelo espaço concedido, pelo auxílio prestado ao divulgar
assuntos da vida da Igreja.
Levo da Arquidiocese do Rio de Janeiro a
imagem de uma Igreja vibrante e atuante, que se esforça para ser uma
presença construtiva em nossa sociedade. Espero ter ajudado nossa Igreja
a colocar em prática seus objetivos, emanados, sobretudo, nos últimos
dois Planos de Pastoral de Conjunto. Peço perdão pelas minhas falhas,
especialmente aos que porventura ofendi, aos que não consegui ajudar;
peço perdão aos colaboradores que estiveram mais próximos, dos quais
sempre se cobra mais e a quem mais se reclama. Tenho consciência do
esforço que fiz e das falhas havidas. Agradeço imensamente as paróquias
por onde passei como padre – a cada paroquiano levarei no coração.
Gostaria de retomar o pensamento de
Santo Agostinho, sempre lembrado, quando se trata da comunitária figura
do bispo: “atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou
convosco. Pois para vós sou Bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um
dever; isto uma graça. O Primeiro é um perigo; o segundo, salvação”. O
Encargo (ser Bispo) é exercido sob a linguagem de serviço.
Dentro de pouco tempo encerro o meu
ministério nessa Arquidiocese; porém, os laços de amizade, afeto e amor
que se criaram, esses não se encerram. Levo a certeza de ter sido muito
amado pelo clero e pelo povo dessa Igreja Particular do Rio de Janeiro
que faz parte da minha história de vida; espero poder, sempre que
possível, aqui voltar para rever os amigos, acalentar a amizade,
celebrar a fé, sentir a presença de Deus, viver a comunhão fraterna. A
essência da Igreja é a de que, em Cristo, somos todos irmãos.
Rogo, pela intercessão do nosso glorioso
Mártir São Sebastião, padroeiro dessa linda Arquidiocese, que o Senhor
nosso Deus abençoe essa nova missão, bem como a todos os pastores que
aqui ficam....
Parto, contando com a oração
e espero contar com a presença de todos na missa de posse na Catedral
Nossa Senhora da Glória, na Diocese de Valença, que será no dia 05 de
abril de 2014 às 16 horas.
Um fraterno e afetuoso abraço!
Rio de Janeiro 12 de Fevereiro de 2014.
Dom Nelson Francelino Ferreira
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